quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Reportagem no Jornal O Dia - 29/01/09 - Mercado de artistas católicos cresce no rastro do fenômeno padre Fábio


Rio - Se o Papa é pop, a música católica embala cada vez mais consumidores, não importando sua fé. Na cola do sucesso de padre Fábio, artistas religiosos vão do rock à axé-music. Cantoras como Celina Borges e Adriana são veneradas e já ganham até o público internacional.

O fenômeno padre Fábio de Melo não pára de crescer. Depois de vender mais de 600 mil cópias do recente CD, ‘Vida’ — seus 11 discos ultrapassaram 1,2 milhão de cópias — e gravar seu primeiro DVD, ‘Eu e o Tempo’, em um Canecão lotado de fiéis, em janeiro, ele chegará ao horário nobre da casa de shows. Para o lançamento do DVD, em abril, serão quatro apresentações, de quinta a domingo. “Também emplacamos a música ‘Vida’ (regravação de Fábio Jr.) na trilha sonora da próxima novela das sete, ‘Caras e Bocas’”, antecipa o produtor Líber Gadelha, presidente da gravadora LGK Music. “O que diferencia padre Fábio dos outros é seu discurso mais jovial. Não é revolucionário, mas fala a língua dos jovens. E canta”, diz Líber Gadelha.

Padre Fábio dá fôlego novo a um filão resgatado por padre Marcelo Rossi, que em 1998 vendeu impressionantes 3.328.468 cópias de seu CD de estréia — marca ainda não superada. Foi aí que a música católica passou a ser vista (ouvida?) com outros olhos (ouvidos?). O gênero, iniciado nos anos 60 com a Renovação Católica Carismática, chegava com força total à mídia secular, como é chamado o mercado não-religioso.

“Nosso público abrange também evangélicos e não-religiosos. Muita gente se cansou de músicas vazias, tem sede de Deus e buscam conteúdo”, diz Rogério Feltrin, baterista da banda de rock Rosa de Saron, cujo último CD/DVD Acústico, tem a participação do ator Rafael Almeida em uma das faixas e é sucesso entre os jovens.

“Os católicos estão com mais conteúdo do que a música popular secular”, concorda Líber, que trabalhou com Zizi Possi e Luiz Melodia, entre outros. A qualidade das produções também chama atenção, músicos consagrados como Jorge Élder, Jurim Moreira e Julinho Teixeira tocaram no disco do padre Fábio.

A cantora Celina Borges é categórica: “Uma das minhas marcas é contratar profissionais qualificados, gente que já tocou com Djavan e Ana Carolina, por exemplo”. Com 20 anos de carreira, sete CDs gravados (460 mil cópias vendidas), Celina, que participou do DVD de padre Fábio, já se apresentou nos Estados Unidos, Portugal e Itália.

A mineira Adriana também prega a qualidade. “Nosso show é uma mistura de louvor, pregação e música bem feita”, diz a cantora que lançou cinco CDs (400 mil cópias vendidas). O céu dos católicos tem, cada vez mais, estrelas.

Julio Biar

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Reportagem na Revista Profashional



Poeta da alma - por Marisa Abel

Músico, escritor, contador de histórias envolventes, Fábio de Melo une as palavras em
mensagens que tocam o coração, o padre é um verdadeiro poeta da alma.
“Amar talvez seja isso, descobrir o que o outro fala
mesmo quando ele não diz”, pe. Fábio de Melo

Você, querido leitor profashional, deve estar se perguntando neste momento o que um padre faz na capa de uma revista de moda, e nós respondemos: Fábio de Melo é um tradutor de sentimentos do mundo. Tem o poder transformador das palavras e mensagens que falam de vida, da beleza de amar e comungar com o universo a maravilha de ser você mesmo e de viver – isso é profashional. A nossa abordagem aqui não é sobre uma religião específica (respeitamos todas as crenças) e sim sobre o valor de cada mensagem.

Antenado às tecnologias e nas formas de comunicação do século XXI, pe. Fábio tem site, posta suas reflexões em seu blog, faz shows por todo o Brasil e celebra a vida com plenitude, mas, sobretudo isso, ele faz da música e das palavras o seu instrumento disseminador de idéias, não exclusivamente para os católicos, mas para todos aqueles que apreciam a frase dita de forma direta e que faz seu cérebro (e coração) parar para refletir.

Cada frase é uma união de palavras que nos faz ver na simplicidade a beleza do eterno e descobrir o que é essencial e nossa própria essência. “Eu vejo estradas construídas na minh’alma, por onde passa o mundo inteiro bem ali” (música: “Enredos do meu povo simples”). Mais sobre essa energia do padre você também pode ler na seção script.


“Eu sou um contador de histórias... gosto de me aventurar no universo das palavras, gosto de vê-las clamando por minhas mãos, desejosas de saírem da condição do silêncio. Escrever é uma forma de desvendar o mundo”, essa é uma das descrições que o trovador Fábio tem de si, nós concordamos.

Confira a entrevista exclusiva que pe. Fábio de Melo cedeu para a Profashional:

Profashional:
As palavras bem colocadas acompanham os seus pensamentos e nos fazem pensar nos momentos de nossa vida e na importância de cada coisa. Tanta inspiração vem de experiências vividas ou acompanhadas?
Fábio de Melo:
O cotidiano é minha fonte. A vida humana é minha matéria. Ou porque vivi, ou porque vi de perto.


P.:
Você já declarou que com a música é preciso fazer com que a imagem aconteça dentro de você. Quando está cantando, você sente toda essa vibração. O que acontece no seu íntimo?
F. M.:
Nem sei. É tudo tão intenso que nem dá para dizer. O que sei é que há um envolvimento pleno. Música é também imagem. Há cenas nas frases.

P.:
A música é pano de fundo da sua vida. Existe alguma em especial que toca mais seu coração?
F. M.:
A música popular brasileira me toca muito. Há trechos que se tornaram imortais para a nossa cultura.

P.:
Você fez da música um instrumento de trabalho. Hoje, como você enxerga todo esse processo?
F. M.:
Eu não me separo da música. O meu ministério sacerdotal se desdobra na arte. Antes de tudo, eu sou padre. O ofício que exerço é um desdobramento do que sou.

P.:
Nas suas palavras “religião é religar duas pontas que precisam se encontrar”. Em todos os seus momentos, o que de maior destaque foi religado ao seguir o caminho da religião?
F. M.:
O discurso religioso pode nos ajudar a reintegrar o que perdemos ao longo da vida. A palavra de Jesus é de devolução. Ele me devolve a mim mesmo. Sempre que encontro alguém e escuto: “Você me ajudou a ser eu mesma!”, eu penso – “Valeu ter vivido!”

P.:
A decisão em optar pela batina ocorreu em que momento da sua vida?
F. M.:
Desde criança. Cresci numa família muito religiosa. A figura do padre sempre disse muito ao meu contexto cultural. Eu via no padre uma pessoa feliz, realizada, fazendo o bem às pessoas. Quis ser também.

P.:
Quais são as ações que você julga ser as que mais fazem as pessoas refletirem sobre suas vidas?
F. M.:
Geralmente,
é o momento da dor.

P.:
Você é um padre moderno. Tem site, canta, faz show e ainda possui um blog no qual posta seus pensamentos. Como é sua relação com os artefatos da modernidade?
F. M.:
Eu me utilizo de tudo o que posso. Os meios estão aí e as pessoas estão necessitadas. Não posso negligenciar a oportunidade de melhorar o mundo. Eu creio no poder da palavra. Palavras mal ditas possuem o poder de nos destruir. Palavras bem ditas exercem poder contrário. Eu prefiro o segundo poder.

P.:
Com a agenda lotada de compromissos, sobra tempo para conhecer as cidades por onde você passa?
F. M.:
Não. Sempre que viajo a trabalho, eu já saio de casa sabendo que não conhecerei muita coisa. Não crio expectativas.

P. :
Defina o poder das palavras.
F. M.:
A palavra é uma pá que lavra o chão da nossa alma.

P.:
Quando não está usando a batina, costuma praticar quais atividades?
F. M.:
Eu não uso batina. Só uso os paramentos litúrgicos para as celebrações. Eu me visto normalmente.

P.:
Na sua visão, como está o contato entre as pessoas e a religião nos dias de hoje?
F. M.:
O discurso religioso, quando mal aplicado, é um instrumento de guerra. Tenho medo das religiões que alienam. Elas retiram as pessoas do comprometimento histórico e as projetam para esperanças futuras. Religião não pode ser feita somente de esperanças futuras. O hoje é o lugar da ação de Deus. A realização humana consiste em descobrir o equilíbrio entre as pontes do tempo. O céu começa agora. O inferno também. As escolhas que fazemos na vida são determinantes para o estabelecimento de um ou outro.

P.:
Se não fosse padre, o que gostaria de fazer? Seguiria alguma profissão?
F. M.:
Eu queria ser veterinário.

P.:
Qual seu pensamento sobre a moda?
F. M.:
Muito mais importante que estar na moda é estar bem cuidado.

P.:
Seu estilo de se vestir é...
F. M.:
Não sei. Vocês que são especialistas é que precisam me ensinar... Risos.


Meu ofício

"Este é o início de uma nova viagem. É o movimento da vida. Meu ministério se desdobra em estradas desconhecidas. Bagagens pesadas que minhas mãos não podem carregar sozinhas. Olho para o lado, peço ajuda. Desconfio, acredito, aposto no que considero ser o melhor caminho. A solidão existe. Dispenso sem saber ao certo o motivo da dispensa. Deixo ir embora, não corro atrás, e porque não corro, desaprendo de correr...

Meu ofício é breve, muito breve, quase nada diante da história da Igreja que anuncia o Cristo a quem amo. Meu ofício é controverso. Eu não sepultei algumas de minhas vaidades para ser o que sou. Eu ainda continuo acreditando que a pior de todas as vaidades é a vaidade de não ter vaidades. É a raíz torta que gera a repulsa pelo mais fraco, pelo diferente, pelo que considero pior que eu. Esta eu não quero. Nariz empinado que não permite olhar para o lado. Recuso.

Meu ofício está na vitrine. Atiram pedra os que querem. Banalizam como podem. Manchetes imensas noticiando coisas pequenas, desnecessárias. Preferem evidenciar alguns detalhes de minha condição humana.

Padre galã... Frequenta academia? Já fez plástica? Lipoaspiração? É a favor da camisinha? Tem amigos homossexuais? As perguntas não dizem respeito ao que quero anunciar.

Meu ofício. Eu sou da Igreja. Não criei uma seita à minha imagem e semelhança. Sou padre católico, apostólico, romano, vivendo no Brasil. Minha tentativa é acertar o alvo da misericórdia. Desejo de mostrar que o Evangelho é para nos tornar melhores. Gestando fraternidade, tolerância com os diferentes, abraço carinhoso que nos recorda que precisamos uns dos outros, mesmo que não tenhamos as mesmas convicções religiosas. Evangelho como proposta de aproximação, ponte com a casa do vizinho, para que a gente possa trocar medidas de café, colheres de açúcar, sorrisos ofertados enquanto lavamos a calçada em dias de sol escaldante.

Meu ofício. Minha sina de ser vitimado pela reportagem qualquer, feita pelo repórter que não sabe absolutamente nada a meu respeito, e que na responsabilidade de dizer, disse qualquer palavra...

O jornal de hoje embrulhará o peixe de amanhã. Pronto. Só assim a gente consegue voltar a dormir. Um consolo me vem do céu. Meu ofício não termina no peixe enrolado. Ele não é notícia para ser esquecida. Meu ofício tem o seu fundamento no altar da Eucaristia, lá onde a memória de Jesus é celebrada. Lá onde o canceroso aprende a morrer e o sentido da saudade é ensinado. Gente que vai, gente que fica...

Meu ofício. Mão sobre a testa traça o santo sinal da cruz. O pecado perdoado nos recorda o poder terapêutico da palavra. Deus não desiste de nós. É tão lindo pensar assim. Melhor ainda é sentir. Eu imagino. Por trás da fórmula sacramental há sempre uma tentativa de dizer - "Meu filho, volte a se amar! A cama está pronta. Sua mãe deixou tudo do jeito que você prefere. Por que dormir na sarjeta?"

Meu ofício. Eu, padre! Só isso. Querendo o direito de cuidar das minhas olheiras sem que isso pareça um crime. Querendo cantar a palavra de Jesus com a mesma qualidade com que cantam os românticos do mundo suas desilusões desamorosas. Eu, padre. Filho da Canção Nova, filho das Paulinas, filho dos padres do Coração de Jesus...

Meu ofício. Minha oração rezada nas atitudes concretas de minha humanidade. Minha missa silenciosa, sem alardes, sem fotografias. Meus encontros. Sorrisos que me tocam. Pessoas envelhecidas que me devolvem juventude. Olhares que me transformam. Cartas que relatam a visita que receberam de Deus, pela força de meu ofício. Moço que me conta entre lágrimas que deixou as drogas depois de ter lido um livro que escrevi. Evangélica que me escreve emails dando conselhos que acolho como direção espiritual. Amor, zelo que chega pelos caminhos inusitados da virtualidade. Criança que fica com os olhinhos brilhando porque viram o padre da propaganda que aparece na TV. Time de futebol composto por um grupo de rapazes nada convencionais, e que o canal de TV especializado em esportes anuncia - Filho do céu. O reporter perguntou a razão do nome. A resposta veio direta - Por causa de um padre que a gente gosta!

Por tudo isso e muito mais, eu não desisto. É meu ofício".
Pe. Fábio de Melo

Parabéns Pe. Fábio!
Muito bem colocada suas palavras!

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009