sábado, 26 de abril de 2008

O Medo

"Eu tenho medo. Mas não tenho medo de ter medo. Medo é o avesso da coragem. É por meio dele que eu alcanço algumas vitórias. Quem não tem medo corre o risco de se tornar um herói sem graça, pronto demais. A vida é bonita justamente por ser inacabada. A metade que falta, o detalhe que ainda não alcançamos, o objetivo que ainda está pela metade. Tudo se torna mais bonito quando visto do avesso. Os medos também. Há muito tipos e estão por toda parte:
Medo de não vencer, de não chegar, de não saber, de não consequir, de subir a escada, de errar no tempero, de perder, de morrer...
O avesso do medo é o cuidado redobrado, porque quem tem medo, cuida. Não se expõe ao perigo, mas resguarda. O medo é bom, porque não nos enche de falsa coragem. O medo nos torna reais, nos mostra quem somos, mensura o tamanho de nossas pernas...
O medo nos coloca no nosso lugar e nos prepara para o sorriso do pódio.
Há medos que nos paralizam. São temores doentios. Eles nos entorpecem, nos amarram e precisam ser vencidos. Precisam ser olhados de frente, para que voltem à condição de medo, apenas... medo saudável.
Medo que me faz ser humano na medida certa porque no humano bem medido, o divino prevalece.
Só isso. O resto é lição que a lousa da vida espera por ser escrita".

Com Pe Fábio de Melo, scj.

INTIMIDADE

“Que seja assim! Tardes que caem para que nasçam as noites. Acordes que terminam para que a pausa prepare o som que virá. A vida e seu movimento tão cheio de sabedoria. Que seja assim! Que seja sempre assim! Esquinas que dobramos com o desejo de alcançar outras esquinas. Depois da chuva, o frescor. Tudo prepara uma forma de depois, como se o agora fosse uma passagem constante que nos conduz com seu cordão invisível. Eu vou. Vou sempre. Não sei não ir. Minha curiosidade me move para dentro de mim. Sou um desconhecido interessante. A cada dia uma nova notícia me entrego. Eu me dou em partes, como se devolvesse o que já sou, Àquele que me deu totalmente. Vivo pra desvendar. Esquinas; tardes caídas; manhãs que se levantam com o sol. Ando amando mais. Meus amigos são tantos; meus limites também. Cada vez mais padre, mais feliz. Eu sou sem medo de errar. Eu desejo a sacralidade de cada dia. Deitar no chão da existência é tão necessário. Eu me levanto mais devolvido, porque há muitas partes de mim esparramadas, caídas pelas esquinas da vida. Recolher-me é obra que faço por Deus. Estou em reformas. Deus o sabe. Ele é que tirou a primeira pedra. Tirou. Não atirou. Deus não sabe atirar. Prefere tirar. Eu deixo. Sou Dele. Quero ser sempre mais. Em partes, pra ser todo. Ele me devolve a cada dia. Eu também. Lição de casa que faço com gosto.
Vez ou outra Ele me olha nos olhos e me dita poemas. Fico tão encantado que até esqueço as palavras. Ele manda eu prestar atenção. Digo que não sei. Ele ri de mim. "Poetas são todos iguais" - conclui enquanto mexe no meu cabelo. Eu o vejo de perto, bem de perto. Por vezes sinto o desejo de lhe pedir o impossível, mas aí me falta coragem. Aí peço que me dê só o necessário. Ele me surpreende com medidas que não mereço. Fico mudo, sem saber dizer. Ele me socorre com seu sorriso. E de súbito, as palavras voltam a fazer parte de mim”.

Com Pe Fábio de Melo, scj.

domingo, 13 de abril de 2008

O Caminho que escolhi é o amor

"O caminho que eu escolhi é o do amor.
Não importam as dores, as angústias nem as decepções que vou ter que encarar, escolhi ser verdadeiro.
No meu caminho, o abraço é apertado, o aperto de mão é sincero por isso, não estranhe a minha maneira de sorrir, de te desejar o bem, eu sou aquela pessoa que acredita no bem, que vive no bem e que anseia o bem.
Por isso, não estranhe se eu te abraçar bem apertado, mesmo que seja só em pensamento, se eu me emocionar com a sua história, se eu chorar junto com você. É assim que eu enxergo a vida e é só assim que eu acredito que valha a pena viver, viver com emoção, com verdade, com amor"

"A maior pobreza do homem é dizer, eu sou assim"

"Se alguém lhe machucar, seja falando mal de você, seja por uma traição; você tem duas opções: você se vinga e é feliz por alguns instantes; ou você perdoa, e será feliz a vida inteira."

"Quando perdemos alguém querido é normal o sofrimento, mas ele não pode durar para sempre. Uma forma de transformar a perda em algo melhor é fazer pelos outros aquilo que a outra pessoa não pôde continuar a fazer, é como se a outra pessoa ressuscitasse, estando presente nos gestos de amor que praticamos."

“Olhe devagar para cada coisa, aceita o desafio de ver o que a multidão não viu, em cascalho disformes e estranhos, diamantes solitários sobrevivem”

"Se pela força da distância tu te ausentas, pelo poder que há na saudade voltarás"

"Há pessoas que nos roubam e pessoas que nos devolvem, pessoas que nos machucam e nos deixam dores que doem no fundo da alma. E só Jesus pode nos curar. Só um coração curado pode amar verdadeiramente!"
Pe. Fábio de Melo

sexta-feira, 4 de abril de 2008

HOJE É TEMPO DE SER FELIZ!

A vida é fruto da decisão de cada momento. Talvez seja por isso, que a idéia de plantio seja tão reveladora sobre a arte de viver.

Viver é plantar. É atitude de constante semeadura, de deixar cair na terra de nossa existencia as mais diversas formas de sementes.

Cada escolha, por menor que seja, é uma forma de semente que lançamos sobre o canteiro que somos. Um dia, tudo o que agora silenciosamente plantamos, ou deixamos plantar em nós,será plantação que poderá ser vista de longe...

Para cada dia, o seu empenho. A sabedoria bíblica nos confirma isso, quando nos diz que "debaixo do céu há um tempo para cada coisa!"

Hoje, neste tempo que é seu, o futuro está sendo plantado. As escolhas que você procura, os amigos que você cultiva, as leituras que você faz, os valores que você abraça, os amores que você ama, tudo será determinante para a colheita futura.

Felicidade talvez seja isso: alegria de recolher da terra que somos, frutos que sejam agradáveis aos olhos!

Infelicidade, talvez seja o contrário.

O que não podemos perder de vista é que a vida não é real fora do cultivo. Sempre é tempo de lançar sementes... Sempre é tempo de recolher frutos. Tudo ao mesmo tempo. Sementes de ontem, frutos de hoje, Sementes de hoje, frutos de amanhã!

Por isso, não perca de vista o que você anda escolhendo para deixar cair na sua terra. Cuidado com os semeadores que não lhe amam. Eles têm o poder de estragar o resultado de muitas coisas.

Cuidado com os semeadores que você não conhece. Há muita maldade escondida em sorrisos sedutores...

Cuidado com aqueles que deixam cair qualquer coisa sobre você, afinal, você merece muito mais que qualquer coisa.

Cuidado com os amores passageiros... eles costumam deixar marcas dolorosas que não passam...

Cuidado com os invasores do seu corpo... eles não costumam voltar para ajudar a consertar a desordem...

Cuidado com os olhares de quem não sabe lhe amar... eles costumam lhe fazer esquecer que você vale à pena...

Cuidado com as palavras mentirosas que esparramam por aí... elas costumam estragar o nosso referencial da verdade...

Cuidado com as vozes que insistem em lhe recordar os seus defeitos... elas costumam prejudicar a sua visão sobre si mesmo.

Não tenha medo de se olhar no espelho. É nessa cara safada que você tem, que Deus resolveu expressar mais uma vez, o amor que Ele tem pelo mundo.

Não desanime de você, ainda que a colheita de hoje não seja muito feliz.

Não coloque um ponto final nas suas esperanças. Ainda há muito o que fazer, ainda há muito o que plantar, e o que amar nessa vida.

Ao invés de ficar parado no que você fez de errado, olhe para frente, e veja o que ainda pode ser feito...

A vida ainda não terminou. E já dizia o poeta "que os sonhos não envelhecem..."

Vai em frente. Sorriso no rosto e firmeza nas decisões.

Deus resolveu reformar o mundo, e escolheu o seu coração para iniciar a reforma.

Isso prova que Ele ainda acredita em você. E se Ele ainda acredita, quem sou eu pra duvidar... (?)

Padre Fábio de Melo

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Parabéns Pe. Fábio



Hoje é Aniversário do Pe. Fábio de Melo

Pe. Fábio,

Você é importante, você é inspiração
amorosa do Pai do céu.
Obrigada por levar Jesus
até nossos corações.
Seja feliz, hoje e sempre!!!

Coração de padre, cidade do povo.




Pessoas são como cidades: um conjunto de vielas, avenidas...
“Pessoas são como cidades: um conjunto arquitetônico de vielas e avenidas, cruzamentos e semáforos, reservas onde árvores disfarçam a dureza do concreto, cemitérios onde os mortos são deixados na esperança de que a ressurreição os recolha ao cair da tarde. Tudo isso compõe a cidade que somos. A praça principal, o coreto da matriz, as ruas estreitas – com suas casas antigas e os lugares ermos – nas quais ainda sobrevivem goiabeiras tão cheias de infância. Minha vida é meu leme neste oceano tão cheio de portos e partidas.
Fico pensando nos que passam por mim. Os que visitam a minha cidade interior. Não sei por onde entram. Se pelo “pórtico principal” ou pelo “cemitério”. Não sei. O que sei é que nesse constante ir e vir, o rosto anônimo insiste em permanecer vivo na retina de minhas saudades. A senhora idosa, espremida na multidão, sorriso envelhecido, mas tão cheio de uma força misteriosa, repete a melodia de minhas palavras, canta comigo em público o que um dia foi só meu. Ela me vê de longe, e eu a vejo tão perto. O rapaz tímido, máquina fotográfica nas mãos, querendo fazer o pedido mais simples, o mais corriqueiro, mas que para ele é exercício grandioso de acertar o “Davi interior” e vencer o “Golias do medo”: “Posso tirar uma foto com você, padre?” A frase sai, o medo não.
A vida de alguém que um dia lhe acompanhou uma dor solitária, agora ali, registrada na fotografia que ele guardará com carinho. Eu também gostaria de tirar uma foto com tanta gente! Pessoas que escrevem, e das quais nunca vi o rosto. Pessoas que deixam recados, insistem em acenar um lenço branco de paz, desejosas de que um dia a gente possa passar horas e horas falando de como nascem as músicas e de como é doído ser gente nos dias de hoje. Gente que me receberia na cozinha de sua casa e que repartiria comigo a intimidade de sua vida familiar. Pessoas que eu amaria com profundidade, que eu seria capaz de dar a minha vida por elas, mas que eu não tenho tempo para conhecer.
Ó vida que não tem conserto! Quanta pressa há nesses intervalos entre chegadas e partidas! Quantos bilhetes aéreos voados, quantas passagens de ônibus cumpridas, acumuladas num lugar da minha cidade que não sei onde fica. Vida perdida nas entrelinhas das palavras, do olhar distante que me olha querendo chegar, do coração que deseja despejar os pecados nas minhas mãos para que eu os devolva revestidos da luz, que só a Misericórdia de Deus possui. Quantos olhares perdidos, querendo conselhos, direção espiritual. Quantos braços querendo abraço, e que eu, pelo limite do corpo não alcanço. E-mails deixados na caixa, a esperança de respondê-los, pedidos de socorro, “turistas” querendo visitar minha “cidade”. Alguns retirando as “sandálias” dos pés porque acreditam na sacralidade do meu “solo”; enquanto outros desejam apenas sujar minhas “praças”. Não há muros na minha cidade.
Apenas peço ajuda aos que me amam de verdade. Velem comigo, velem por mim. Sou um “prefeito” ausente... Os poetas não são bons administradores. Precisam de mil assessores. Cidade de poeta corre o risco de ser um caos. É por isso que quero ser um poeta possuído pelo céu. Quero a audácia de poder dizer que sou seu, sem que isso venha ferir minha castidade. Quero ser do povo, quero ser de Deus.
Quero misturar meu sangue no sangue dos inocentes, mas não quero temer tocar no sangue dos culpados. Eu quero a vida. A mais miúda, a de toda hora. A vida de cada instante. O instante de cada vida. Eu quero o sopro em dias quentes. Eu quero o riso sem alarde. Eu quero a minha “cidade” de “portas abertas”.
Venha de onde vier, mas venha. Há sempre um “quarto” preparado para quem não tem onde dormir. Há sempre uma “mesa posta”, ainda que na madrugada. Venha de onde vier, mas venha. Minha “cidade” não tem “muros”, não tem “portas”. Venha quando quiser, venha quando precisar, porque num coração de padre quem manda é o povo”!

Pe. Fábio de Melo
Comunidade Canção Nova