quarta-feira, 22 de abril de 2009

Bilhete em papel rosa - Adélia Prado

Um poema de Adélia Prado



ORFANDADE


"Meu Deus,
me dê cinco anos.
Me dê um pé de fedegoso com formiga preta,
me dê um Natal e sua véspera,
o ressonar das pessoas no quartinho.
Me dê a negrinha Fia pra eu brincar,
me dê uma noite pra eu dormir com minha mãe.
Me dê minha mãe, alegria sã e medo remediável,
me dê a mão, me cura de ser grande.
Ó meu Deus, meu pai,
meu pai."

Lançamento do DVD "Eu e o Tempo no Canecão


Um dos principais ícones da música católica no momento o Padre Fábio de Melo volta ao Palco do Canecão para o Lançamento do CD e DVD " Eu e o Tempo" .

Um fenômeno em todo o Brasil seja como compositor escritor ou cantor. Em seus shows, tem garantido recorde de público. Os ingressos se esgotam de forma impressionante. Na platéia, unem-se fãs religiosos de todas as idades, encantados pelas suas músicas que trazem as mensagens divinas em linguagem mais próxima do povo, chegando aos corações. Esta é a fórmula sem mistério que atrai tanta atenção.

O carisma e a dedicação extrema para a vida religiosa compuseram a trajetória bem-sucedida do padre-cantor de Minas Gerais, que atrai centenas de seguidores por onde passa – foram 120 shows em 2008. Com onze CDs gravados e repertório que valoriza a religiosidade, o sacerdote possui composições poéticas, cativantes, com uma linguagem atual, que agrada fieis de todas as idades.



No Canecão - Dias 21,22,23 e 24 de Maio.

Preços:

Setor Vip 140,00

Setor A 120,00

Setor B 100,00

Setor C 90,00

Frisa Lateral 80,00

Poltrona Numerada 60,00

Frisa Central 120,00

Camarotes 280,00

Balcão Nobre 100,00

Mezzanino 90,00

Meia entrada só na bilheteria.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

PADRE FÁBIO DE MELO COM O SHOW " EU E O TEMPO"


PARTICIPAÇÕES ESPECIAIS DE CELINA BORGES E ANDRÉ LEONNO

LOCAL: CAMPO GRANDE/RJ

O Guardador de almas




O Guardador de almas



Por Ana Flavia Barreto



Padre Fabio chega ao palco em passos leves e a platéia lhe sorri emoções. Os primeiros acordes soam “Tudo é do Pai”, com muita graça e um brilho insistente dos músicos.

As músicas, que são em maioria composições do Padre, mexem com o interior das pessoas e as faz sentir-se abraçadas. Ele traduz sentimentos e o público, em resposta, chove alegrias. Então, o próximo passo é aquietar o coração para ouvi-lo dividir saudades, compartilhar histórias sobre a sua família e amigos.

São cerca de três mil pessoas ocupando o Empório Brasil, em Cianorte (PR), que deslizam em uníssono nas melodias entoadas pela voz aveludada de um trovador moderno, arquiteto da alma, um artista que põe doçura em cada coisa que faz.

Em meio a tanta gente, consegue capturar os olhares que estão em busca de algo que os toque. Considera que seu público é de uma grande riqueza: “Nós temos hoje aqui dentro evangélicos, céticos, católicos, todos em torno da bondade dos que querem fazer uma experiência positiva de Deus”. Cada um ali presente tem sua razão, mas é o encontro com Deus que está estabelecido. “Já que você me reconheceu então conheça meu Deus, é o que venho apresentar”, ele afirma.

Uma curiosidade: nesse show compareceram pessoas até do Paraguai, com direito a entregar uma bandeira do país a ele no palco, que ele exibiu durante uma música. Todos aplaudiram e ele “gastou” seu espanhol em um sorridente “muchas gracias”.

O Padre é enfático e se chateia com publicações que têm ofendido sua platéia: “Eu fico muito triste, sobretudo quando desrespeita o público, quando uma reportagem afirma que as mulheres que vão aos meus shows são um bando de histéricas, isso não é verdade. É gente honesta, com fé, em processo de crescimento. Gente que realmente faz uma experiência de Deus, no qual fazemos parte. Falar mal de mim é até natural, mas falar do público tem me deixado aborrecido”.

Natural de Formiga, MG, Fabio de Melo entrou no seminário aos 16 anos, é graduado em Teologia na PUC-Rio, em Filosofia pela Fundação Educacional de Brusque, SC, pós-graduado em Educação na Universidade Salgado de Oliveira, Rio de Janeiro e mestre em Teologia sistemática pelo Instituto Santo Inácio de Loyola, Belo Horizonte, MG.

Escreveu cinco livros - prosa poética a escapar de seus dedos. Tem 11 CDs com canções religiosas e não religiosas, e o DVD Eu e o Tempo, gravado em janeiro deste ano no Canecão, no Rio de Janeiro.

Seu mais recente CD - VIDA - (disco de platina triplo, cerca de 600 mil cópias vendidas), se deu pela parceria LGK/ Sony Music, que contribuiu para novas possibilidades em seu trabalho evangelístico. “Primeiro detalhe que modificou foi a forma de divulgar. Até então eu estava em uma mídia católica que não ousava muito na divulgação como esta. E depois a qualificação mesmo, o profissionalismo que a gente pode assumir por causa da infra-estrutura que o próprio evento foi tendo. A partir desse momento, tivemos oportunidades de fazer essa evangelização acontecer com um pouco mais de estrutura. No mais, continuo do mesmo jeito, vivendo da mesma forma, com uma responsabilidade a mais: quanto mais a gente fica público maior é a necessidade de reconhecer o que torna público. Fiquei conhecido porque sou padre e faço um trabalho de evangelização que hoje é diferente”, observa.

Já recebeu críticas positivas e respeitosas, mas ainda é vítima de polêmicas de uma mídia que não deixa de inventar opinião e ainda tanto questiona o fato de ele se apresentar sem batina em seus shows. “Não sou um aventureiro. Não comecei esse trabalho com a música ano passado”, adverte.

Ele tem alma leve e olhos de menino, que aprendeu a encontrar graça no simples ato de ir comprar pão, ver poesia onde ninguém imaginaria poder existir e transformar lugares: novos olhos para a mesma paisagem. “Tudo depende da conversão do olhar. Eu enxergo o mesmo muro todos os dias, mas há momentos em que eu vejo a poesia que há nele. Eu acho que essa conversão é importante. É trabalhar a sensibilidade”, conta.

Ele alerta para novas percepções, nos deixa “significando”, e é bonito aprender os novos sabores da vida, as novas maneiras de sorrir e abraçar, a melodia quando o beija-flor beija e uma abelha que pousa na flor. Uma nova religião, que a todo tempo floresce e renova-se em nós. “O que é o processo religioso? É o despertar da sensibilidade para olhar a vida de todo dia. Não tem nada de extraordinário acontecendo em nossa vida, mas tudo isso é sinal de Deus. E é bonito demais você perceber que, na descoberta da humanidade descobre-se também o que é divino e que não existe uma separação para isso”, revela.

Padre Fabio tem “estrela na testa” e soube fazer dela um Sol: iluminado por Deus, contribui para aquecer e confortar com sabedoria na hora da dor; e fazer raiar aquele coração que carregava vazio, silêncio e sombra. Lindo é ele falar de amor! Da maior lição que Jesus deixou e que devemos praticá-la em todos os momentos de nossas vidas. E quando fica difícil amar, o Padre Fabio carrega assim consigo sutileza, carisma e paciência pra explicar, e partilha um pouco de suas reflexões também em seu site (www.fabiodemelo.com.br). Lá ele escreve bonito dentro da gente. Uma obra não para lhe dizer parabéns, mas sim: muito obrigada!

Tem seus livros na lista dos mais vendidos do país. Letras que alcançam as estrelas e por fim nos ilumina - no sentido mais luz da palavra. E para completar, vem com sua sábia Direção Espiritual, o programa semanal ao vivo que vai ao ar pela Canção Nova, em que cada vez mais a Palavra de Deus nos edifica, e seus conselhos vêm acrescentados de doses terapêuticas de virtude, beleza, poesia, com palavra bonita e pronúncia bem feita. Graças a Deus.



Ana Flavia Barreto é estudante de arquitetura e urbanismo da Universidade Estadual de Londrina e colaborou com o artigo para a Revista Século XXX

domingo, 15 de março de 2009

Pe. Fábio de Melo recebe título cidadão petropolitano

FESTA DA CÂMARA MUNICIPAL LOTA PALÁCIO QUITANDINHA

Vinicius Henter


A Câmara Municipal, em parceria com o Instituto Histórico de Petrópolis, na solenidade em comemoração dos 166 anos de Petrópolis, realizada no Teatro SESC Quitandinha, entregou 37 títulos de Cidadão Petropolitano a personalidades que marcaram a cidade no último ano, entre elas o apresentador de TV Luciano Huck e o Padre Fábio de Melo

(Jornal Diário de Petrópolis)

Pe. Fábio de Melo quer educação dentro de casa


Educação foi tema da palestra do Padre Fábio de Melo



Segurança e Paz, foi o tema da palestra proferida pelo Padre Fábio de Mello, na manhã de ontem no ginásio do Colégio Santa Isabel, para um público superior a 1,2 mil pessoas, que por mais de uma hora ouviram suas posições, tendo como referência a educação.



A palestra, apesar de aberta ao público em geral, foi direcionada aos educadores, que representaram mais de 60% dos presentes. "A educação é base de tudo e temos nos professores a referência para a formação do individuo em diferentes aspectos", afirmou Fábio de Mello.



No evento promovido pela Diocese de Petrópolis e a Pastoral da Educação, também estiveram presentes, o Prefeito Paulo Mustrangi, o vereador Márcio Muniz e as secretarias de Governo Sandra La Cava (Educação) e Aparecida Barbosa (Secretaria de Trabalho Assistência Social e Cidadania). O Bispo D. Filippo Santoro também se fez presente e ao final da palestra, respondeu juntamente com Fábio de Melo as perguntas da platéia.



Fábio de Melo, por mais de uma vez foi aplaudido pela platéia, que ficou envolvida por suas ponderações e a forma como abordou o tema."Temos conciliar os anseios da sociedade com o modo de educar para obtenção da harmonia", afirmou.



No momento em que Fábio de Melo e D. Filippo respondiam os questionamentos dos presentes, entre várias perguntas, veio a baila a questão da excomunhão dos envolvidos no aborto dos filhos de uma menina de 9 anos, vitima de violência sexual por parte do padrasto, na cidade de Olinda, no Estado de Pernambuco.

– Não se viu nos veículos de comunicação o fato da Igreja Católica se mostrar preocupada com a vida, não apenas da menina, mas também dos bebês e a excomunhão não é o foco da questão e sim as vidas que se perderam, argumentou D. Filippo.



Ao final do evento Fábio de Melo concedeu uma entrevista coletiva e quando foi indagado sobre o papel dos educadores no dia a dia dos alunos. "É preciso que a educação aconteça, na sala aula, mas também na sala de casa, onde os pais estejam envolvidos na formação do caráter do individuo, sendo essa a grande transformação que precisa acontecer", afirmou.



No mesmo contexto o padre ressaltou que não basta educar, dando o ensinamento é preciso que os alunos aprendam a pensar dentro que proposto nas salas de aula, dessa maneira uma sociedade sem desigualdade e mais harmônica poderá se formar, tanto na rede público, como na privada.



E foi mais longe quando ressaltou que a educação é princípio de tudo e combater as ações negativas por meio dos educadores é o caminho a ser seguido, mas ressaltou que é preciso que se dêem condições para que isso aconteça.

– Bons Salários estrutura de trabalho são fundamentais para que se obtenha os resultados esperados dentro do contexto abordado, finalizou Fábio de Melo.



Mesa redonda pela Campanha da Fraternidade



Também dentro da Campanha da Fraternidade aconteceu na tarde de ontem, uma mesa redonda sobre o tema Fraternidade, Segurança e Paz, com a participação do Bispo de Petrópolis, Dom Filippo Santoro, do prefeito Paulo Mustrangi e representantes dos governos estadual e municipal, também no Ginásio do Colégio Santa Isabel.

O evento teve início às 14h, tendo sido aberto ao público e com a presença de lideranças comunitárias, políticas. Ao comentar o tema da Campanha da Fraternidade deste ano, Dom Filippo Santoro disse: "Pode parecer que o tema da segurança pública seja apenas dever do Estado e que a Igreja ao tratar deste assunto estaria se metendo num campo que não é de sua competência. Não é bem assim porque o tema da segurança está ligado ao tema da dignidade da pessoa humana e a Igreja não é indiferente ao bem das pessoas e da sociedade em geral. Ela promove junto com todas as forças sociais e instituições públicas o bem comum", definiu.

(Jornal Diário de Petrópolis)

sábado, 7 de março de 2009

Uma pipa no céu...

A vida exige leveza, assim como a viagem. A estrada fica mais bonita quando podemos olhá-la sem o peso de malas nas mãos.

Seguir leve é desafio. Há paradas que nos motivam compras, suplementos que julgamos precisar num tempo que ainda não nos pertence, e que nem sabemos se o teremos.

Temos a pretensão de preparar o futuro. Eu tenho. Talvez você tenha também. É bom que a gente se ocupe de coisas futuras, mas tenho receio que a ocupação seja demasiada. Temo que na honesta tentativa de me projetar, eu me esqueça de ficar no hoje da vida.

Os pesos nascem desta articulação. Coisas do passado, do presente e do futuro. Tudo num tempo só.

Há uma cena que me ensina sobre tudo isso. Vejo o menino e sua pipa que não sobe ao céu. Eu o observo de longe. Ele faz de tudo. Mexe na estrutura, diminui o tamanho da rabiola, e nada. O pequeno recorte de papel colorido, preso na estrutura de alguns feixes de bambú retorcidos se recusa a conhecer as alturas.

O menino se empenha. Sabe muito bem que uma pipa só tem sentido se for feita para voar. Ele acredita no que ouviu. Alguém o ensinou o que é uma pipa, e para que serve. Ele acredita no que viu. Alguém já empinou uma pipa ao seu lado. O que ele agora precisa é repetir o gesto. Ele tenta, mas a pipa está momentaneamente impossibilitada de cumprir a função que possui.

Sem desistir do projeto, o menino continua o seu empenho. Busca soluções. Olha para os amigos que estão ao lado e pede ajuda. Aos poucos eles se juntam e realizam gestos de intervenção...

Por fim, ele tenta mais uma vez. O milagre acontece. Obedecendo ao destino dos ventos, a pipa vai se desprendendo das mãos do menino. A linha que até então estava solta vai se esticando. O que antes estava preso ao chão, aos poucos, bem aos poucos, vai ganhando a imensidão do céu.

O rosto do menino se desprende no mesmo momento em que a pipa inicia a sua subida. O sorriso nasceu, floresceu leve, sem querer futuro, sem querer passado. Sorriso de querer só o presente. As linhas nas mãos. A pipa no céu...
(www.fabiodemelo.com.br)

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Reportagem no Jornal O Dia - 29/01/09 - Mercado de artistas católicos cresce no rastro do fenômeno padre Fábio


Rio - Se o Papa é pop, a música católica embala cada vez mais consumidores, não importando sua fé. Na cola do sucesso de padre Fábio, artistas religiosos vão do rock à axé-music. Cantoras como Celina Borges e Adriana são veneradas e já ganham até o público internacional.

O fenômeno padre Fábio de Melo não pára de crescer. Depois de vender mais de 600 mil cópias do recente CD, ‘Vida’ — seus 11 discos ultrapassaram 1,2 milhão de cópias — e gravar seu primeiro DVD, ‘Eu e o Tempo’, em um Canecão lotado de fiéis, em janeiro, ele chegará ao horário nobre da casa de shows. Para o lançamento do DVD, em abril, serão quatro apresentações, de quinta a domingo. “Também emplacamos a música ‘Vida’ (regravação de Fábio Jr.) na trilha sonora da próxima novela das sete, ‘Caras e Bocas’”, antecipa o produtor Líber Gadelha, presidente da gravadora LGK Music. “O que diferencia padre Fábio dos outros é seu discurso mais jovial. Não é revolucionário, mas fala a língua dos jovens. E canta”, diz Líber Gadelha.

Padre Fábio dá fôlego novo a um filão resgatado por padre Marcelo Rossi, que em 1998 vendeu impressionantes 3.328.468 cópias de seu CD de estréia — marca ainda não superada. Foi aí que a música católica passou a ser vista (ouvida?) com outros olhos (ouvidos?). O gênero, iniciado nos anos 60 com a Renovação Católica Carismática, chegava com força total à mídia secular, como é chamado o mercado não-religioso.

“Nosso público abrange também evangélicos e não-religiosos. Muita gente se cansou de músicas vazias, tem sede de Deus e buscam conteúdo”, diz Rogério Feltrin, baterista da banda de rock Rosa de Saron, cujo último CD/DVD Acústico, tem a participação do ator Rafael Almeida em uma das faixas e é sucesso entre os jovens.

“Os católicos estão com mais conteúdo do que a música popular secular”, concorda Líber, que trabalhou com Zizi Possi e Luiz Melodia, entre outros. A qualidade das produções também chama atenção, músicos consagrados como Jorge Élder, Jurim Moreira e Julinho Teixeira tocaram no disco do padre Fábio.

A cantora Celina Borges é categórica: “Uma das minhas marcas é contratar profissionais qualificados, gente que já tocou com Djavan e Ana Carolina, por exemplo”. Com 20 anos de carreira, sete CDs gravados (460 mil cópias vendidas), Celina, que participou do DVD de padre Fábio, já se apresentou nos Estados Unidos, Portugal e Itália.

A mineira Adriana também prega a qualidade. “Nosso show é uma mistura de louvor, pregação e música bem feita”, diz a cantora que lançou cinco CDs (400 mil cópias vendidas). O céu dos católicos tem, cada vez mais, estrelas.

Julio Biar

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Reportagem na Revista Profashional



Poeta da alma - por Marisa Abel

Músico, escritor, contador de histórias envolventes, Fábio de Melo une as palavras em
mensagens que tocam o coração, o padre é um verdadeiro poeta da alma.
“Amar talvez seja isso, descobrir o que o outro fala
mesmo quando ele não diz”, pe. Fábio de Melo

Você, querido leitor profashional, deve estar se perguntando neste momento o que um padre faz na capa de uma revista de moda, e nós respondemos: Fábio de Melo é um tradutor de sentimentos do mundo. Tem o poder transformador das palavras e mensagens que falam de vida, da beleza de amar e comungar com o universo a maravilha de ser você mesmo e de viver – isso é profashional. A nossa abordagem aqui não é sobre uma religião específica (respeitamos todas as crenças) e sim sobre o valor de cada mensagem.

Antenado às tecnologias e nas formas de comunicação do século XXI, pe. Fábio tem site, posta suas reflexões em seu blog, faz shows por todo o Brasil e celebra a vida com plenitude, mas, sobretudo isso, ele faz da música e das palavras o seu instrumento disseminador de idéias, não exclusivamente para os católicos, mas para todos aqueles que apreciam a frase dita de forma direta e que faz seu cérebro (e coração) parar para refletir.

Cada frase é uma união de palavras que nos faz ver na simplicidade a beleza do eterno e descobrir o que é essencial e nossa própria essência. “Eu vejo estradas construídas na minh’alma, por onde passa o mundo inteiro bem ali” (música: “Enredos do meu povo simples”). Mais sobre essa energia do padre você também pode ler na seção script.


“Eu sou um contador de histórias... gosto de me aventurar no universo das palavras, gosto de vê-las clamando por minhas mãos, desejosas de saírem da condição do silêncio. Escrever é uma forma de desvendar o mundo”, essa é uma das descrições que o trovador Fábio tem de si, nós concordamos.

Confira a entrevista exclusiva que pe. Fábio de Melo cedeu para a Profashional:

Profashional:
As palavras bem colocadas acompanham os seus pensamentos e nos fazem pensar nos momentos de nossa vida e na importância de cada coisa. Tanta inspiração vem de experiências vividas ou acompanhadas?
Fábio de Melo:
O cotidiano é minha fonte. A vida humana é minha matéria. Ou porque vivi, ou porque vi de perto.


P.:
Você já declarou que com a música é preciso fazer com que a imagem aconteça dentro de você. Quando está cantando, você sente toda essa vibração. O que acontece no seu íntimo?
F. M.:
Nem sei. É tudo tão intenso que nem dá para dizer. O que sei é que há um envolvimento pleno. Música é também imagem. Há cenas nas frases.

P.:
A música é pano de fundo da sua vida. Existe alguma em especial que toca mais seu coração?
F. M.:
A música popular brasileira me toca muito. Há trechos que se tornaram imortais para a nossa cultura.

P.:
Você fez da música um instrumento de trabalho. Hoje, como você enxerga todo esse processo?
F. M.:
Eu não me separo da música. O meu ministério sacerdotal se desdobra na arte. Antes de tudo, eu sou padre. O ofício que exerço é um desdobramento do que sou.

P.:
Nas suas palavras “religião é religar duas pontas que precisam se encontrar”. Em todos os seus momentos, o que de maior destaque foi religado ao seguir o caminho da religião?
F. M.:
O discurso religioso pode nos ajudar a reintegrar o que perdemos ao longo da vida. A palavra de Jesus é de devolução. Ele me devolve a mim mesmo. Sempre que encontro alguém e escuto: “Você me ajudou a ser eu mesma!”, eu penso – “Valeu ter vivido!”

P.:
A decisão em optar pela batina ocorreu em que momento da sua vida?
F. M.:
Desde criança. Cresci numa família muito religiosa. A figura do padre sempre disse muito ao meu contexto cultural. Eu via no padre uma pessoa feliz, realizada, fazendo o bem às pessoas. Quis ser também.

P.:
Quais são as ações que você julga ser as que mais fazem as pessoas refletirem sobre suas vidas?
F. M.:
Geralmente,
é o momento da dor.

P.:
Você é um padre moderno. Tem site, canta, faz show e ainda possui um blog no qual posta seus pensamentos. Como é sua relação com os artefatos da modernidade?
F. M.:
Eu me utilizo de tudo o que posso. Os meios estão aí e as pessoas estão necessitadas. Não posso negligenciar a oportunidade de melhorar o mundo. Eu creio no poder da palavra. Palavras mal ditas possuem o poder de nos destruir. Palavras bem ditas exercem poder contrário. Eu prefiro o segundo poder.

P.:
Com a agenda lotada de compromissos, sobra tempo para conhecer as cidades por onde você passa?
F. M.:
Não. Sempre que viajo a trabalho, eu já saio de casa sabendo que não conhecerei muita coisa. Não crio expectativas.

P. :
Defina o poder das palavras.
F. M.:
A palavra é uma pá que lavra o chão da nossa alma.

P.:
Quando não está usando a batina, costuma praticar quais atividades?
F. M.:
Eu não uso batina. Só uso os paramentos litúrgicos para as celebrações. Eu me visto normalmente.

P.:
Na sua visão, como está o contato entre as pessoas e a religião nos dias de hoje?
F. M.:
O discurso religioso, quando mal aplicado, é um instrumento de guerra. Tenho medo das religiões que alienam. Elas retiram as pessoas do comprometimento histórico e as projetam para esperanças futuras. Religião não pode ser feita somente de esperanças futuras. O hoje é o lugar da ação de Deus. A realização humana consiste em descobrir o equilíbrio entre as pontes do tempo. O céu começa agora. O inferno também. As escolhas que fazemos na vida são determinantes para o estabelecimento de um ou outro.

P.:
Se não fosse padre, o que gostaria de fazer? Seguiria alguma profissão?
F. M.:
Eu queria ser veterinário.

P.:
Qual seu pensamento sobre a moda?
F. M.:
Muito mais importante que estar na moda é estar bem cuidado.

P.:
Seu estilo de se vestir é...
F. M.:
Não sei. Vocês que são especialistas é que precisam me ensinar... Risos.


Meu ofício

"Este é o início de uma nova viagem. É o movimento da vida. Meu ministério se desdobra em estradas desconhecidas. Bagagens pesadas que minhas mãos não podem carregar sozinhas. Olho para o lado, peço ajuda. Desconfio, acredito, aposto no que considero ser o melhor caminho. A solidão existe. Dispenso sem saber ao certo o motivo da dispensa. Deixo ir embora, não corro atrás, e porque não corro, desaprendo de correr...

Meu ofício é breve, muito breve, quase nada diante da história da Igreja que anuncia o Cristo a quem amo. Meu ofício é controverso. Eu não sepultei algumas de minhas vaidades para ser o que sou. Eu ainda continuo acreditando que a pior de todas as vaidades é a vaidade de não ter vaidades. É a raíz torta que gera a repulsa pelo mais fraco, pelo diferente, pelo que considero pior que eu. Esta eu não quero. Nariz empinado que não permite olhar para o lado. Recuso.

Meu ofício está na vitrine. Atiram pedra os que querem. Banalizam como podem. Manchetes imensas noticiando coisas pequenas, desnecessárias. Preferem evidenciar alguns detalhes de minha condição humana.

Padre galã... Frequenta academia? Já fez plástica? Lipoaspiração? É a favor da camisinha? Tem amigos homossexuais? As perguntas não dizem respeito ao que quero anunciar.

Meu ofício. Eu sou da Igreja. Não criei uma seita à minha imagem e semelhança. Sou padre católico, apostólico, romano, vivendo no Brasil. Minha tentativa é acertar o alvo da misericórdia. Desejo de mostrar que o Evangelho é para nos tornar melhores. Gestando fraternidade, tolerância com os diferentes, abraço carinhoso que nos recorda que precisamos uns dos outros, mesmo que não tenhamos as mesmas convicções religiosas. Evangelho como proposta de aproximação, ponte com a casa do vizinho, para que a gente possa trocar medidas de café, colheres de açúcar, sorrisos ofertados enquanto lavamos a calçada em dias de sol escaldante.

Meu ofício. Minha sina de ser vitimado pela reportagem qualquer, feita pelo repórter que não sabe absolutamente nada a meu respeito, e que na responsabilidade de dizer, disse qualquer palavra...

O jornal de hoje embrulhará o peixe de amanhã. Pronto. Só assim a gente consegue voltar a dormir. Um consolo me vem do céu. Meu ofício não termina no peixe enrolado. Ele não é notícia para ser esquecida. Meu ofício tem o seu fundamento no altar da Eucaristia, lá onde a memória de Jesus é celebrada. Lá onde o canceroso aprende a morrer e o sentido da saudade é ensinado. Gente que vai, gente que fica...

Meu ofício. Mão sobre a testa traça o santo sinal da cruz. O pecado perdoado nos recorda o poder terapêutico da palavra. Deus não desiste de nós. É tão lindo pensar assim. Melhor ainda é sentir. Eu imagino. Por trás da fórmula sacramental há sempre uma tentativa de dizer - "Meu filho, volte a se amar! A cama está pronta. Sua mãe deixou tudo do jeito que você prefere. Por que dormir na sarjeta?"

Meu ofício. Eu, padre! Só isso. Querendo o direito de cuidar das minhas olheiras sem que isso pareça um crime. Querendo cantar a palavra de Jesus com a mesma qualidade com que cantam os românticos do mundo suas desilusões desamorosas. Eu, padre. Filho da Canção Nova, filho das Paulinas, filho dos padres do Coração de Jesus...

Meu ofício. Minha oração rezada nas atitudes concretas de minha humanidade. Minha missa silenciosa, sem alardes, sem fotografias. Meus encontros. Sorrisos que me tocam. Pessoas envelhecidas que me devolvem juventude. Olhares que me transformam. Cartas que relatam a visita que receberam de Deus, pela força de meu ofício. Moço que me conta entre lágrimas que deixou as drogas depois de ter lido um livro que escrevi. Evangélica que me escreve emails dando conselhos que acolho como direção espiritual. Amor, zelo que chega pelos caminhos inusitados da virtualidade. Criança que fica com os olhinhos brilhando porque viram o padre da propaganda que aparece na TV. Time de futebol composto por um grupo de rapazes nada convencionais, e que o canal de TV especializado em esportes anuncia - Filho do céu. O reporter perguntou a razão do nome. A resposta veio direta - Por causa de um padre que a gente gosta!

Por tudo isso e muito mais, eu não desisto. É meu ofício".
Pe. Fábio de Melo

Parabéns Pe. Fábio!
Muito bem colocada suas palavras!

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009